quarta-feira, 24 de abril de 2013

DESISTI DE SER PROFESSOR DO ESTADO

DESISTI DE SER PROFESSOR DO ESTADO
Hoje tive o dia mais triste como professor. Não estou me referindo a nenhuma indisciplina ou necessariamente a baixo rendimento escolar de meus alunos. SOLICITEI A MINHA DISPENSA NA REDE PÚBLICA ESTADUAL DE MINAS GERAIS e fui surpreendido pelos meus alunos.
Como sou muito exigente, muitas vezes coloco fardos pesados sobre meus alunos. Acreditava que a minha saída na transição dos bimestres seria encarada apenas como mais uma das tantas mudanças corriqueiras que ocorrem na Escola. Estava enganado. Fui surpreendido pelo choro mais desolador que já vi em toda a minha vida. Minha maior tristeza foi pensar que eu poderia ser responsável por esse choro. Jamais pensei que meus ALUNOS DA REDE PÚBLICA ESTADUAL DE MINAS GERAIS fossem chorar por minha saída. Preocupado com o que eu diria para eles como motivo, preferi a verdade. ESTOU SAINDO PORQUE NÃO CONSIGO ME SUSTENTAR NA REDE PÚBLICA ESTADUAL DE MINAS GERAIS. Como são crianças, muitas não entenderam o que eu queria dizer e me responderam novamente com o choro mais desolador que já vi ou causei em toda a minha vida. “PROFESSOR NÃO NOS ABANDONE”! A criança não entende a opção que nós professores fazemos quando abandonamos a sala de aula. Uma de minhas alunas gritou: “Vou me mudar para a escola onde o senhor vai continuar como professor”. Nessa hora engasguei o choro e me perguntei como poderia ser isso? Se a maioria de nós no Brasil e na REDE PÚBLICA ESTADUAL DE MINAS GERAIS não dispomos de recursos para bancar o ensino privado. Algumas crianças se puseram na porta e tentavam impedir minha saída, sem palavras e assustado com o choro e o pedido de que não as “abandonasse”, restou-me recolher na solidão de meu objetivo racional e deixar a sala com crianças chorosas como nunca vi a se despedirem com o olhar que jamais esquecerei, do professor que NÃO CONSEGUIU SE SUSTENTAR NA REDE PÚBLICA ESTADUAL DE MINAS GERAIS.
Eu poderia recolher-me na vaidade, em pensar que sou um bom professor e que vou conseguir o melhor para mim. Entretanto, sei que hoje a exemplo do que ocorreu comigo, DEZENAS DE OUTROS PROFESSORES DEIXARAM A REDE PÚBLICA ESTADUAL DE MINAS GERAIS POR NÃO CONSEGUIREM SE SUSTENTAR, ASSIM COMO TAMBÉM DEZENAS DE CRIANÇAS CHORARAM AO SE DESPEDIREM DE SEUS PROFESSORES. Resta-me na revolta implorar a todos os mineiros e brasileiros que lerem essa carta. PELO AMOR DE DEUS! NÃO ACREDITEM NA EDUCAÇÃO FAZ DE CONTA DO GOVERNO DE MINAS GERAIS. O ESTADO FAZ DE CONTA QUE REMUNERA SEUS PROFESSORES, PROFESSORES INFELIZMENTE FAZEM DE CONTA QUE ENSINAM, ALUNOS FAZEM DE CONTA QUE APRENDEM E ATORES GLOBAIS FAZEM DE CONTA QUE FALAM DA MELHOR EDUCAÇÃO DO PAÍS. O episódio dessa carta ocorreu NO DIA 18 DE ABRIL DE 2013 NA ESCOLA ESTADUAL BARÃO DO RIO BRANCO EM BELO HORIZONTE. Infelizmente ocorreu também em dezenas de Escolas do Estado de Minas Gerais. ENQUANTO O GOVERNO DE MINAS PAGA MILHARES DE REIAIS A ATORES GLOBAIS PARA MENTIREM SOBRE A EDUCAÇÃO NO HORÁRIO NOBRE, NOSSAS CRIANÇAS CHORAM OS SEUS PROFESSORES QUE ESTÃO SAINDO PORQUE NÃO CONSEGUEM MAIS SE SUSTENTAR NO ESTADO.
Prof. Juvenal Lima Gomes
EX-PROFESSOR DA REDE PÚBLICA ESTADUAL DE MINAS GERAIS

Um comentário:

  1. Logo que me graduei fui trabalhar em escola primária. Como o salário era pouco, fiz pós para conseguir e ganho melhor e ingresse numa pública. Nunca mais tive aluno como eram os meus do primário, de alto nível, interesados em saber, curiosos... e pior, agora tenho que aguentar coisas como essa:


    ¨Caros amigos do ICEN, gostaria da ajuda de todos em uma questão referente a LEI Nº- 12.772, DE 28 DE DEZEMBRO DE 2012, que trata das novas diretrizes da carreira docente, que no seu Art. 8º diz que “O ingresso na Carreira de Magistério Superior ocorrerá sempre no primeiro nível da Classe de Professor Auxiliar, mediante aprovação em concurso público de provas e títulos. § 1º No concurso público de que trata o caput, será exigido o diploma de curso superior em nível de graduação. O CONSEPE, quando discutiu sobre a nova regulamentação dos concursos da UFPA aprovou, contrariamente a lei, que será exigido o doutorado para o concurso a carreira docente.
    Independente de concordar com a exigência do doutorado ou outro título qualquer de pós graduação (lembrando que a regulamentação dos concursos será também para os campi do interior, quando nem sempre se consegue que doutores se inscrevam), temos que pensar em apenas um ponto. Estamos dispostos a decidir coisas contra a lei ou não?
    Se o ICEN concordar em decidir pela exigência do doutorado contrariamente a lei que exige apenas a graduação estarei disposta a mudar meu ponto de vista que defende o cumprimento das leis evitando assim uma enxurrada de processos que paralisariam os concursos na UFPA e transfeririam para as unidades o julgamento do mérito dos recursos que certamente virão de graduados insatisfeitos.¨

    ResponderExcluir