quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

ABAIXO A MEDICALIZAÇÃO DAS CRIANÇAS!


Especialistas veem exagero em diagnósticos do TDAH e criticam medicação excessiva

Cristiane Capuchinho
Do UOL, em São Paulo

Pais e professores enfrentam um dilema: quando a falta de atenção do estudante em sala de aula é problema de saúde e quando é um problema com os métodos do professor? Especialistas embatem sobre o aumento do uso de remédios, como a ritalina, no combate de deficiências escolares e o diagnóstico preciso do TDAH (Transtorno do Deficit de Atenção com Hiperatividade).
Os defensores da campanha contra a medicalização da educação entendem que muitas vezes existe um tratamento de diferenças comportamentais como se elas fossem doença. Para eles, o diagnóstico foi banalizado e problemas que são pedagógicos – e deviam ser tratados com estratégias de ensino – vão parar no âmbito da saúde.
Sem remédioPsiquiatras e neurologistas, por outro lado, apontam para a importância do diagnóstico correto do transtorno para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Para a psicóloga Carla Biancha Angelucci, presidente do CRP (Conselho Regional de Psicologia) de São Paulo, a escola não consegue lidar com as diferenças entre as crianças e usa métodos pedagógicos que não atingem todos os alunos. "Se a criança não se interessar pela educação é muito possível que ela comece a apresentar hiperatividade, situações de conflito. Não temos que mexer na criança para que ela possa suportar com tranquilidade uma aula desinteressante", afirma.
"Se em casa a criança é de um jeito e na escola é de outro, os pais devem tentar descobrir o que está acontecendo de errado para haver um conflito escolar. Os pais devem conversar com professores e com outros pais de alunos", recomenda Angelucci.


Pressão social versus problema médico

"Na nossa sociedade, o que é preciso para seronsiderado bem-sucedido é ser multifuncional, ter muitas janelas abertas, ser egoísta. Mas quando você vê isso em um aluno se diz que ele tem um problema", aponta a psicóloga Gisela Untoiglich, professora da Universidade de Buenos Aires.
O TDAH atinge entre 3% e 6% das crianças em idade escolar. A estimativa é feita a partir de diferentes pesquisas internacionais, afirma o neuropediatra Mauro Muzcat, coordenador do Ambulatório de Deficit de Atenção da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), que trata 650 crianças atualmente.
Desses, pouco mais de 50% dos diagnosticados terão o mesmo transtorno quando adultos, afirma.
Muzcat explica que no diagnóstico do transtorno não basta ver os sintomas, é importante perceber o quanto os sintomas afetam a vida das crianças.

Aumento na venda de remédios

Entre 2005 e 2010 a dispensação de comprimidos com o composto químico cloridrato de metilfenidato, princípio ativo de remédios como a ritalina, cresceu 1.645% no Estado de São Paulo. Os dados são de um levantamento feito pelo CRP-SP com informações de 287 municípios.
O uso do medicamento tem "efeitos muito bons nos pacientes diagnosticados" que "em média fazem o tratamento por dois anos", segundo Muzcat.
No entanto, a preocupação se justifica pelo aumento no número de estudantes que buscam na ritalina a solução para se concetrarem nos estudos. "As famílias também estão afetadas pelo ímpeto de produção. O aluno tem que ter boa performance, tem que acompanhar as aulas no mesmo ritmo dos outros alunos", explica Carla Biancha Angelucci, presidente do CRP-SP.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

REVISTA HERMES

Com base na Pedagogia da Escola Moderna - erroneamente chamada Pedagogia Freinet -, a Escola Curumim, situada em Campinas/SP (http://www.escolacurumim.com.br) tem realizado um trabalho pedagógico diferenciado, a serviço dos interesses dos seus alunos no processo de ensino.
Vejam a revista produzida pelos alunos do 8º Ano. Um trabalho que merece ser divulgado e copiado!


Projeto proíbe publicidade de alimentos dirigida a crianças e brindes em fast food

Aprovados projetos que proíbem publicidade de alimentos dirigida a crianças e brindes em fast food


Projetos que regulamentam estímulos ao consumo de alimentos por crianças dependem agora de sanção do governador Geraldo Alckmin para serem transformados em lei

Dois projetos de lei fundamentais para proteger as crianças da epidemia de obesidade foram aprovados pela Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) na terça-feira (18). O primeiro deles, PL 193, de 2008, de autoria do deputado Rui Falcão (PT), regulamenta a publicidade dirigida ao público infantil de alimentos e bebidas pobres em nutrientes e com alto teor de açúcar, gorduras saturadas ou sódio no estado de São Paulo. Fica proibida a propaganda no rádio e na TV entre as 6 e as 21 horas, e em qualquer horário nas escolas públicas e privadas. E, durante o horário permitido, a propaganda deverá ser seguida de advertência pública sobre os danos à saúde provocados pela obesidade.
Está vetado também o uso de celebridades ou personagens infantis na publicidade e comercialização, bem como a inclusão de brindes promocionais, brinquedos ou itens colecionáveis atrelados à compra do alimento. Em caso de descumprimento dessas determinações, o infrator estará sujeito às penas de multa, suspensão da veiculação da publicidade e imposição de contrapropaganda. A multa, dependendo da gravidade, vai de 200 a 3 milhões de vezes o valor da Unidade Fiscal do Estado de São Paulo (Ufesp).
Segundo justificativa de Rui Falcão, o projeto está de acordo com o que prevê o artigo 37 do Código de Defesa do Consumidor (CDC), que proíbe qualquer publicidade enganosa ou abusiva que se aproveite da deficiência de julgamento e experiência das crianças. E foi inspirado por uma denúncia do Instituto Alana à Fundação Procon de São Paulo contra a rede de fast-food McDonalds, que, ao associar brinquedos com alimentos, está incentivando a formação de valores distorcidos, bem como a formação de hábitos alimentares prejudiciais à saúde. A denúncia resultou, em abril de 2010, em multa à rede de lanchonetes de R$ 3,2 milhões por vincular brinquedos nas promoções de seus produtos.
Outro projeto aprovado é o PL 1096/2011, de autoria de Alex Manente (PPS), que proíbe a venda de alimentos acompanhados de brindes ou brinquedos em todo o estado de São Paulo. Na proposição, o parlamentar argumenta que a obesidade infantil é um problema de saúde pública no país e que o fato do alimento estar acompanhado por brinquedo induz a criança a solicitar o lanche sem que esteja necessariamente com fome.
Os projetos seguem para sanção ou veto do governador Geraldo Alckmin (PSDB).
Na avaliação de Pedro Hartung, assessor do núcleo de Defesa do Instituto Alana, os dois projetos são de grande importância contra a pandemia de obesidade, em especial entre as crianças. Autoridades de saúde estimam que 30% de toda essa população seja afetada pela doença. Segundo especialistas, a obesidade está diretamente associada ao assédio abusivo da publicidade direcionada às crianças.
“O governador tem a obrigação de sancionar a lei porque tem de considerar, em primeiro lugar, o interesse da criança. Tanto a Constituição Federal, em seu artigo 227, como a estadual, em seu artigo 277, colocam os direitos da criança como prioridade absoluta. Nesse caso, o direito é de defesa contra os apelos abusivos da publicidade de produtos que colocam em risco a sua saúde”, disse Hartung.
Embora o comum tenha sido governadores tucanos vetarem projetos aprovados por parlamentares do PT, mesmo que de interesse da sociedade, a expectativa é de aprovação. “Toda a sociedade civil quer que se regule esta matéria”, disse o assessor do Instituto Alana.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Copa 500 X -500 Educação

FONTE: http://educacao.uol.com.br/noticias/2012/12/14/por-obras-da-copa-prefeito-de-belo-horizonte-vai-ao-stf-pedir-corte-do-orcamento-de-educacao.htm

Por obras da Copa, prefeito de Belo Horizonte vai ao STF pedir corte do orçamento de educação


Carlos Eduardo CheremDo UOL, em Belo Horizonte






O prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda (PSB), por meio de sua assessoria, confirmou nesta sexta-feira (14) ter recorrido ao STF (Supremo Tribunal Federal) para suspender dispositivo da Lei Orgânica do Município que determina a aplicação de 30% do orçamento municipal em educação.


No projeto 2378/2012, da Lei Orçamentária do município para 2013, enviado por Lacerda à Câmara Municipal de Belo Horizonte, a previsão é de uma receita da ordem de R$ 9,9 bilhões. Assim, caso consiga suspender a aplicação do dispositivo da Lei Orgânica, a Prefeitura da capital mineira deverá deixar de aplicar algo em torno de R$ 500 milhões em educação no próximo ano.
Na ação cautelar, com pedido de liminar, o prefeito alega que, além de prejudicar os investimentos para a Copa do Mundo de 2014, a prefeitura pode ter as contas rejeitadas com a manutenção da regra. O Executivo de Belo Horizonte quer investir somente os 25% do orçamento, exigidos pela Constituição Brasileira.
O processo foi distribuído ao ministro Dias Toffoli, relator de um recurso especial da Prefeitura de Belo Horizonte, que tramita na corte, para tentar suspender a mesma lei.

Histórico

Há mais de duas décadas, 30% do orçamento do município é aplicado em educação na capital mineira. A Lei Orgânica de Belo Horizonte é de 21 de março de 1990.
A Prefeitura de Belo Horizonte já havia entrado com uma ação nesse sentido no TJ-MG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais), no primeiro semestre deste ano, mas teve seu pedido negado.
Na ação no STF, a prefeitura alega que, ao aumentar o percentual de investimento em educação, a Lei Orgânica de Belo Horizonte, além de ferir a Constituição, coloca uma base de cálculo específica para definir o valor anual.
De acordo com a ação, há jurisprudência no Supremo negando mudanças que alteram o critério de apuração da cota. Na avaliação dos advogados da prefeitura, pela Lei Orgânica, a prefeitura seria obrigada a investir valores até 123% superiores aos que seriam o limite constitucional. Segundo a prefeitura, o investimento em educação representa mais do que 51% de sua arrecadação tributária.


terça-feira, 11 de dezembro de 2012


FONTE: http://www.redebrasilatual.com.br/temas/educacao/2012/12/responsaveis-por-matriculas-em-escolas-publicas-de-sp-denunciam-selecao-de-alunos

Alunos 'problemáticos' têm matrícula rejeitada na rede pública de São Paulo

Crianças com características que podem indicar indisciplina não conseguem se inscrever em escolas municipais da capital e estaduais, apontam secretários

Alunos 'problemáticos' têm matrícula rejeitada na rede pública de São Paulo
Alunos com características que indiquem indisciplina têm pedido de transferência de escola negado e podem ficar sem estudar (Foto: Danilo Ramos/ RBA)
São Paulo – Alunos transferidos, com muitas faltas, mais velhos, moradores de regiões pobres ou até com sobrenome semelhante a outro estudante com mau comportamento. Essas são características que podem impedir crianças de conseguir uma vaga em escolas públicas de São Paulo, em um processo velado de seleção que tenta impedir que possíveis alunos "indisciplinados" sejam matriculados.
A realidade foi denunciada por secretários escolares – que são os responsáveis pelas matriculas – da rede municipal e estadual de São Paulo. Os depoimentos e as informações sobre as práticas obscuras para escolher alunos foram levantadas e reunidas na pesquisa “Processos velados de seleção e evitação de alunos em escolas públicas”, elaborado pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec) O estudo foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e apoiado pelo Unicef, órgão da ONU para a educação, e pela Fundação Tide Setúbal.
A escolha ou a rejeição de alunos ocorre, principalmente, nos pedidos de transferência, seja por parte dos pais ou por parte das escolas. Isso porque a primeira entrada no sistema educacional se dá por meio de um cadastro eletrônico, que integra escolas estaduais e municipais, e indica a unidade em que a criança deve se matricular, priorizando as mais próximas da residência do estudante. 
A partir do pedido, tem início uma análise para tentar identificar características que indiquem alunos indisciplinados ou que necessitariam de muita assistência social. Os que se encaixam nestes perfis, considerados problemáticos, têm o pedido de matricula negado. Em alguns casos, principalmente quando a escola pede a transferência do aluno, não é incomum que as crianças percam a vaga e fiquem sem estudar, aponta o levantamento.
“A mãe vai lá, fala, reclama e vai embora e espera a resposta. Só que quem vai dar a resposta [de que a matrícula foi feita por ordem judicial] é a escola [risos]. Só que a escola, se for um caso assim muito grave, ela não entra em contato com os pais; aí... depois... aquela história: ‘a senhora não veio assinar, a senhora não trouxe o aluno para frequentar. Olha, ele está matriculado desde tal data’...”, afirma um dos secretários ouvidos pela pesquisa, que não se identificou.
A pesquisa é um levantamento qualitativo que se baseou em depoimentos de oito secretários escolares (quatro da rede municipal e quatro da estadual), de diferentes regiões da capital paulista. De acordo com a responsável pela pesquisa, Luciana Alves, o universo não foi maior porque os depoimentos se repetiam, o que pode saturar esse tipo de pesquisa. A técnica utilizada é a chamada "Bola de Neve", na qual o entrevistado indica o próximo e assim por diante. “É um método usual quando se trabalha com assuntos polêmicos”, afirma.

Critérios

Os critérios usados para identificar os alunos indisciplinados variam: “Se os pais chegam pedindo transferência porque aquela escola tinha um bom desempenho, os secretários veem com bons olhos. É sinal que os pais estão preocupados com a aprendizagem dos filhos e que não são uma família-problema. A chance de conseguir uma vaga era maior”, afirma Luciana. Mas se a justificativa for a oferta de programas de assistência social na escola, a família é considerada um potencial problema e a vaga é negada.
Os casos mais graves, no entanto, são aqueles em que a escola pede a transferência dos alunos. Estes, por si só, já indicam indisciplina. “Quando chegava aqui pedindo vaga é porque tinha aprontado muito lá [...] era por tráfico, por agressão, meninas de 11, 12 anos grávidas”, conta um dos secretários ouvidos na pesquisa. “A gente liga na escola para ver como é o comportamento do aluno. [Quando é ‘aluno que aprontou’] eles não falam: ‘não matricula’. Eles falam: ‘Ah, vocês sabem como é, né? Ele foi convidado’– a gente não fala expulso – ‘ele foi convidado a se retirar’”.
Além do contato com a escola de origem, os secretários costumam avaliar se o colégio do candidato tem fama ruim, se os alunos moram em favelas ou locais pobres, se têm grande distorção série-idade e se têm muitas faltas. Essas características podem indicar um “aluno problema”, como são chamados, e serem responsáveis pela não aceitação do pedido de transferência.
“[Você] anota no papel e vai dizer [ao responsável]: ‘se aparecer uma vaga a gente entra em contato’. E vai fazer uma observação lá de NC, e eles vão perguntar: ‘O que é NC?’. ‘É nova chamada’, mas na verdade é ‘Não Cadastrar’”, afirma um dos secretários ouvidos. “O responsável já é orientado que vá a outra escola fazer o cadastro. É uma forma de não prender, mas não deixar sem escola. [...] A gente diz assim: ‘Não fica esperando, porque pode não aparecer a vaga, vai ser muito difícil de aparecer vaga, porque está superlotado’”.

Consequências e soluções

Para Luciana, responsável pelo estudo, a seleção velada dos melhores alunos é a forma de as escolas gerenciarem seus conflitos, uma vez que não contam com apoio de outros equipamentos públicos, como postos de saúde ou a assistência social. “As escolas vivenciam problemas profundos de faltas disciplinares e violência e esse foi o jeito que encontraram de gerenciar esses problemas. Mas ele prejudica o direito desses meninos. A maioria dos relatos é de escolas do ensino fundamental, a etapa obrigatória da educação. Esses processos seletivos impedem que o aluno ingresse ou continue no sistema de ensino, tirando um direito dele.”
Luciana acredita que o sistema informatizado é, de fato, a melhor maneira de realizar matriculas e impedir a seleção de alunos. Porém, são necessárias ações dos governos estaduais e municipais para impedir os processos de seleção. “O poder público pode articular as escolas com outros serviços sociais, que são ausentes nos territórios mais vulneráveis e que poderiam ajudar as escolas a gerenciarem seus conflitos”, afirma. “A gente vê que as escolas estão competindo entre si por professores, alunos e recursos. É necessário incentivar uma gestão mais colaborativa, que as escolas se articulem para resolver os problemas educacionais daquele território.”
Outra medida importante seria informar os pais sobre os processos de seleção e sobre o direito da criança à educação. “O poder público deve instrumentalizar os pais e dar a eles ferramentas para que não fiquem à mercê desses processos seletivos. É preciso divulgar amplamente como funcionam os procedimentos de matricula, principalmente entre as famílias mais pobres que têm menos acesso a informação e mais dificuldade de recorrer ao Conselho Tutelar ou à Diretoria de Ensino para fazer valer os seus direitos.”
Um dos diretores entrevistados concorda e vê que o maior problema está “nos casos daquelas pessoas que... Como se diz, não são tão bem informadas, né? Que ficam à mercê do que fazem com ela. [Pesquisadora: e quem são essas pessoas?] São essas pessoas mais humildes mesmo, pessoas que não tiveram acesso ao estudo, pessoas muito carentes que não estão acostumadas a questionar, a brigar, sabe?”.
RBA procurou as secretarias de Educação do estado e do município para se pronunciar sobre os casos, mas não recebeu resposta até o fechamento da reportagem. Nos dois órgãos, as assessorias de imprensa afirmaram desconhecer o problema e a pesquisa e pediram um prazo maior para responder à demanda.

FONTE: agencia.fapesp.br/16584

Acervo da biblioteca do Pateo do Collegio está na internet

07/12/2012
Fonte: Agência FAPESP Livros raros, manuscritos escritos por jesuítas desde o século XVI, coleções de folhetos sobre política e eventos do Brasil e amplo acervo fotográfico da história do país estão entre os materiais que fazem parte do acervo de 25 mil volumes da biblioteca Padre Antônio Vieira, localizada no Pateo do Collegio, no Centro de São Paulo.
Todo este acervo acaba de ser disponibilizado para pesquisa pela internet, com acesso pelo link da biblioteca no site do Pateo do Collegio.
Inaugurada em 2002, a biblioteca Padre Antônio Vieira é especializada na história dos jesuítas e da cidade de São Paulo, além de materiais relativos à história geral e do Brasil (e da Igreja Católica), arte, biografias, filosofia, teologia, política, literatura e turismo.
Entre os materiais raros estão: a primeira edição dos Sermões de Padre Antônio Vieira; coleção de escritos dos jesuítas desde o século XVI (como as cartas originais do Padre José de Anchieta e manuscritos do jesuíta italiano João Antonil); publicações sobre eventos realizados em 1954 em comemoração ao Quarto Centenário da Cidade de São Paulo; e documentos sobre o processo de canonização do Padre José de Anchieta (cujos originais encontram-se no Vaticano).
No acervo encontram-se livros cujas capas foram produzidas com canela preta – madeira quadricentenária encontrada durante a demolição do Palácio do Governo em 1953. Alguns dos livros estão em língua portuguesa e em latim. E, ainda, amplo acervo fotográfico sobre o cotidiano do clero brasileiro, de processos de construção de obras jesuítas, de eventos políticos, religiosos e sociais.
Todo o acervo está catalogado em base de dados e acessível on-line por meio do Pergamum – Sistema Integrado de Bibliotecas. O Sistema contempla as principais funções de uma biblioteca, funcionando de forma integrada, com o objetivo de facilitar a gestão dos centros de informação, melhorando a rotina diária com os seus usuários. A pesquisa do acervo da biblioteca Padre Antônio Vieira pode ser feita pelas palavras-chave: autor, título e assunto, entre outras.
A Rede Pergamum reúne, em uma única ferramenta, todos os catálogos das instituições que os disponibilizaram para pesquisa. Funciona como uma base centralizada (na Pontifícia Universidade Católica do Paraná, em Curitiba), na qual a busca é feita de forma rápida e eficiente em todas as bibliotecas participantes. O sistema agrega mais de 220 instituições, com cerca de 2.500 bibliotecas no país.
“Nosso objetivo é participar do processo global de democratização da cultura, garantindo o acesso gratuito da população ao acervo documental da biblioteca, bem como assegurar a preservação do acervo bibliográfico histórico da Companhia de Jesus em São Paulo”, disse o Padre Carlos Alberto Contieri, diretor do Pateo do Collegio e do Museu de Arte Sacra dos Jesuítas em Embu das Artes.
Complexo histórico-cultural e religioso pertencente à Companhia de Jesus e constituído pela Igreja Beato José de Anchieta, Museu Anchieta, Museu de Arte Sacra dos Jesuítas (em Embu das Artes) e pelo Café do Pateo, além da Biblioteca Padre Antônio Vieira. Desde a sua fundação, enquanto Colégio de São Paulo de Piratininga em 1554, até os dias atuais, o Pateo do Collegio tem-se tornado referência na preservação da memória histórica da cidade de São Paulo e na promoção da cultura.
Ao longo dos séculos, o complexo sofreu várias alterações, sendo a última a reconstrução nas décadas de 1960 e 1970, com inspiração no complexo arquitetônico de 1680. É um marco da atuação da Igreja Católica no que tange à catequização, educação e conversão dos povos indígenas do então Planalto de Piratininga.
Mais informações: www.pateocollegio.com.br

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Entrevista de Michele Sato

FONTE: http://www.grupoa.com.br/site/revista-patio/artigo/7853/e-preciso-ousar-mudancas.aspx




É preciso ousar mudanças
Michèle Sato tem licenciatura em Biologia, mestrado em Filosofia, doutorado em Ciências e pós-doutorado em Educação. A diversidade em sua formação acadêmica tem contribuído para que ela lance um olhar aguçado sobre as questões ambientais, principal foco de seu trabalho.

Atualmente, é professora do Programa de Pós-Graduação em Educação na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e líder do Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Comunicação e Arte (GPEA). Também participa da comissão nacional da Plataforma de Direitos Humanos, Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais (DHESCA) na relatoria de meio ambiente. “Partimos do pressuposto de que, toda vez em que há um crime ambiental, há também um crime social, e as agressões ambientais causam maiores impactos nas camadas mais pobres ou nos grupos sociais vulneráveis”, explica. “Para além de direitos humanos, é preciso considerar a destruição da vida não humana e todo o suporte da natureza. Assim, a escola precisa fazer emergir a importância dos Direitos Humanos e da Terra, debater a temática, rever sua função social, enxergar para além dos seus problemas intrínsecos e envolver-se nos dilemas da sociedade”, afirma.

Leia a entrevista concedida à Pátio Ensino Fundamental. 
Termos como “sustentável” e “sustentabilidade” são hoje repetidos à exaustão, embora muitas pessoas desconheçam seu real sentido e este acabe perdendo-se ou sendo interpretado de maneira equivocada e reducionista. Como a senhora define sustentabilidade?
O termo sustentabilidade parece ter sido banalizado não apenas porque é repetido à exaustão, mas porque é repetido por um grupo grande de pessoas das mais diversificadas áreas do conhecimento ou de atuação. Perdeu-se, assim, a identidade de quem está referendando o termo, já que se tornou um “jargão” pasteurizado em todas as áreas. Tecnicamente, a sustentabilidade é compreendida como algo durável que tenha a interface das três dimensões — economia, sociedade e ambiente —, mas acabou tornando-se um discurso vazio, porque as três dimensões estão apenas no nome, já que na prática muito pouco se concretiza. Pessoalmente, compreendo que a sustentabilidade deve incluir dois grandes destaques: a inclusão social e a proteção ecológica. A economia é subjacente a isso, assim como tantas outras essencialidades, como a educação, as ciências, a habitação, a espiritualidade e outras dimensões que chamamos de “qualidade de vida”.
 
Na maior parte das escolas, essa questão não fica muito clara. O que seria uma escola sustentável?
Uma escola sustentável almeja inclusão social com proteção ecológica. Alguns exemplos: um jogo de cores e luzes naturais no pátio da escola para que os surdos também possam cantar; uma exposição de cartuns ambientais em Braile para os deficientes visuais; rampas de madeira para os cadeirantes, em vez de concreto. E também uma bioarquitetura de aproveitamento das águas da chuva, conforto térmico, horta escolar ou trabalhos sobre a importância da alimentação livre de agrotóxicos. Trata-se de uma escola que sabe ouvir a comunidade e junto com ela elabora um projeto ambiental escolar comunitário, correspondente às identidades ali pulsantes: fenomenologicamente correspondente à realidade da escola, mas essencialmente estabelecendo um compromisso social e ambiental. Tem a organização de um currículo não mais hegemônico, e sim baseado no contexto de cada biorregião: educação indígena, quilombola, do campo e da cidade, entre tantas outras educações possíveis e dialogantes.
 
Há décadas se vem falando em ecologia, educação ambiental, sustentabilidade, mas percebe-se que os professores têm pouca informação. Além disso, tais questões ainda não são bem-trabalhadas no currículo das escolas. O que é necessário fazer para mudar esse quadro?
Há mais de mil anos falamos em matemática, geometria ou física, e não é verdade que tenhamos o sucesso dessas áreas nas escolas. A língua portuguesa, por exemplo, dispõe de uma enorme carga horária em relação às demais disciplinas, mas nem por isso as pessoas falam ou escrevem com gramática respeitável. A educação ambiental não é nenhuma ilha isolada em um continente educativo em crise sistêmica. Não é possível ser vencedor na educação ambiental se houver violência nas escolas e altos índices de evasão ou repetência. Existe um mosaico de tecido global na tessitura coletiva de pontos e nós, franjas e desenhos que conferem ligações entre pontos e linhas. Teremos de cuidar da escola — e basicamente da educação como um todo — se quisermos alcançar as mudanças desejadas. E, para isso, os pequenos pontos que a constituem devem trabalhar conjuntamente. Não há um ou outro culpado, nem uma ou outra área que seja bem-sucedida. O tecido educativo é o conjunto desses erros e acertos.
 
O que é preciso para que a escola seja formadora de cidadãos preocupados com a sustentabilidade do planeta?
 É preciso mudar a sociedade, ver a escola em seu âmbito, acreditar mais nos jovens, ousar mudanças, rever posturas, frear consumos, mudar estilos de vida, aprender a ser solidários. Estamos falando em mudar o modo como fomos criados, abandonar hábitos tradicionais, inovar e ser capazes de caminhar em outra concepção de mundo. Isso demora um pouco, por mais que os educadores ambientais tenham pressa em salvar o planeta cada vez mais ameaçado, mas a violência socioambiental existe justamente porque adotamos esses modelos insustentáveis de vida.
 
Muitas escolas abordam pontualmente a sustentabilidade e a educação ambiental, ou seja, com atividades sobre o Dia da Árvore, o Dia da Água, a coleta seletiva de lixo, mas a sustentabilidade não está inserida em seu projeto político-pedagógico. As ações pontuais são válidas?
As ações pontuais são interessantes, algumas vezes, porque despertam interesse pelo tema e fomentam algum debate, por mais irrisório que possa parecer. O Dia da Árvore (21 de setembro) deste ano foi celebrado com milhares de fotografias compartilhadas no Facebook. Parece ser uma atitude tola, mas foi interessante ver tantas páginas com árvores diversas. Contudo, não sendo um processo educativo, isso tem um papel pequeno frente à profundidade das mudanças necessárias no mundo. Nosso perfil imediatista e talvez pragmático aceita essas ações porque são visíveis e rápidas, porém a guinada conceitual de mudança socioambiental é lenta. Cumpre sempre destacar, todavia, que há um movimento em marcha, com vistas a construir projetos político-pedagógicos que saiam de meras datas e se enraízem em propostas pedagógicas mais processuais. No futuro, todo dia será o dia das mulheres, dos índios ou do Zumbi!
 
Haveria exemplos de escolas que desenvolvem um trabalho voltado à sustentabilidade?
Conheci muitas na Inglaterra, onde surgiu o termo “escolas sustentáveis”. Inúmeras escolas realizam não só a coleta seletiva de lixo, mas também exposições de desenhos e pinturas, enfatizando a bioarquitetura e a alimentação orgânica. Há belas experiências no Canadá, com a mitologia indígena. Os rituais são reproduzidos nas escolas e as hortas seguem uma lógica indígena, que garante o que eles chamam de land education, ou seja, uma educação mais próxima da terra. No Quênia, para não citar apenas os países ricos, conheci algumas escolas rurais que faziam plantações em rotação de culturas. Aproveitavam tudo e dispunham de enormes contêineres para captação de águas da chuva. Havia também uma espécie de tubulação que aproveitava o vento para girar moinhos usados na secagem das sementes para a merenda escolar. Pela condição socioeconômica, a bioarquitetura era escassa, e a ênfase estava na alimentação sem agrotóxico. Há outras boas iniciativas que não carregam essa nomenclatura em todo o mundo, mas são poucas, infelizmente, como é o caso brasileiro.
 
Existe alguma experiência em nosso país que mereça ser citada?
Há algumas vivências boas aqui e acolá. Ainda que sejam poucas, observa-se um movimento em percurso, acenando a emergência das mudanças necessárias. A proposta brasileira de escolas sustentáveis veio da inspiração inglesa, quando a coordenadora geral de educação ambiental do MEC, Rachel Trajber, esteve lá visitando escolas. Em Mato Grosso, a universidade federal (UFMT) e a secretaria de educação (SEDUC) aliaram-se, e já começamos o processo de formação de professores e jovens que se associam em coletivos (COM-VIDAS). Uma parceria com o Fundo Mundial para a Natureza (WWF) está em planejamento, e pretendemos construir duas escolas maravilhosamente sustentáveis. Nosso objetivo será calcular a pegada ecológica do município de Cuiabá e iniciar um amplo processo educativo contra o consumo, uma vez superado o problema da fome — pegada ecológica é um indicador de qualidade de vida mais abrangente que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) que pode mensurar também o consumo individual Ainda estamos engatinhando nessas propostas, mas tenho esperanças de que teremos belas vivências ecopedagógicas na escola e fora dela.
 
Recentemente, o Brasil sediou a Rio+20. Como a senhora avalia os resultados desse evento?
Um retrocesso de 20 anos, uma “Rio menos 20”. Uma triste constatação de que a economia triunfou nos debates ambientalistas, trazendo a vã ilusão de que a natureza só pode ser vista por seu poder “recursista” de uso e acúmulo do capital. Foi um momento vergonhoso de constatação de que muito pouco foi feito em prol do ambiente pelos governantes, e não apenas do Brasil, mas do mundo todo. Temos testemunhado uma derrota após a outra: Belo Monte, transposição do rio São Francisco, aprovação do Código Florestal e tantas outras mazelas que assolam a natureza e as pessoas mais pobres, vulneráveis ou invisibilizadas de nossa sociedade patológica. É preciso mudar esses cenários para que o cuidado socioambiental seja possível.
 
O que a senhora diria aos professores que se preocupam com o presente e o futuro do planeta e querem dar sua contribuição, mas não sabem o que fazer?
Eu diria que não existe uma receita pronta a ser seguida, mas sim tentativas para mudanças. Que a escola não está isolada e que o sistema em crise precisa ser repensado à luz de uma complexidade de pontos e linhas que formam o tecido educativo. Que as pequenas ações realizadas somam-se e ecoam diferentemente em cada região. Um projeto, uma aula ou um debate ambiental podem parecer pequenos frente às atrocidades do mundo, mas tudo isso se magnifica quando consideramos a escola como centro de um universo local, articulada com a sociedade e com as mudanças, em vez de apenas aguardar passivamente pelas mudanças que a sociedade nos impõe. Também diria que existem inúmeras publicações, materiais, estratégias educativas e roteiros que oferecem diversas possibilidades para que a escola seja um espaço mais atuante e progressista no tocante às dimensões ambientais.
 
As escolas, assim como as indústrias, poderiam ser envolvidas nas discussões sobre os créditos de carbono?
Penso que a economia verde está enganando certos professores, tentando fazer parecer que os serviços ecossistêmicos são a grande solução do século XXI. Um dos grandes desafios educativos para o tratamento da mudança climática é que as pessoas não percebem o fenômeno climático com nitidez. Isso as desmobiliza, e algumas chegam inclusive a duvidar que a escassez da água seja um problema mundial. Por isso, a pesquisa torna-se importante na escola para que conduza alunos e professores a descobrir novos mundos, e não meramente reproduzir discursos. Depois da Rio92, o Brasil pautou a economia nos modelos de desenvolvimento. Houve retrocessos tremendos, não apenas ambientais, mas também sociais. Entrar na pauta dos créditos de carbono é meramente continuar uma política desenvolvimentista que só destruiu o planeta. É preciso ir além da economia!

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Galeano... grande Galeano!


Galeano é um jornalista e escritor uruguaio fantástico. neste vídeo, nos revela sua alma de poeta e sonhador que encanta pela beleza das palavras e das ideias que elas reproduzem.
Deleite-se!



Evento gratuito na Feusp


Crimes da Nestlé


FONTE: http://www.pragmatismopolitico.com.br/2012/08/crimes-da-nestle-sao-acobertados-por-autoridades-e-imprensa-brasileira.html
Crimes da Nestlé são acobertados por autoridades e imprensa brasileira

Postado em: 21 ago 2012 às 10:41


As águas turvas da Nestlé: Se a grande imprensa brasileira, misteriosa e sistematicamente, vem ignorando o caso, o mesmo não ocorre na Europa, onde o assunto foi publicado em jornais de vários países, além de duas matérias de meia hora na televisão

Ao invés de aplicar multas, governo de Minas Gerais é condescendente com Nestlé.
Há alguns anos, a Nestlé vem utilizando os poços de água mineral de São Lourenço para fabricar a água marca PureLife. Diversas organizações da cidade vêm combatendo a prática, por muitas razões. As águas minerais, de propriedades medicinais e baixo custo, eram um eficiente e barato tratamento médico para diversas doenças, que entrou em desuso, a partir dos anos 50, pela maciça campanha dos laboratórios farmacêuticos para vender suas fórmulas químicas através dos médicos. Mas o poder dessas águas permanece. Médicos da região, por exemplo, curam a anemia das crianças de baixa renda apenas com água ferruginosa.
Para fabricar a PureLife, a Nestlé, sem estudos sérios de riscos à saúde, desmineraliza a água e acrescenta sais minerais de sua patente. A desmineralização de água é proibida pela Constituição.
Cientistas europeus afirmam que nesse processo a Nestlé desestabiliza a água e acrescenta sais minerais para fechar a reação. Em outras palavras, a PureLife é uma água química. A Nestlé está faturando em cima de um bem comum, a água, além de o estar esgotando, por não obedecer às normas de restrição de impacto ambiental, expondo a saúde da população a riscos desconhecidos. O ritmo de bombeamento da Nestlé está acima do permitido.
Troca de dutos na presença de fiscais é rotina. O terreno do Parque das Águas de São Lourenço está afundando devido ao comprometimento dos lençóis subterrâneos. A extração em níveis além do aceito está comprometendo os poços minerais, cujas águas têm um lento processo de formação. Dois poços já secaram. Toda a região do sul de Minas está sendo afetada, inclusive estâncias minerais de outras localidades.
Durante anos a Nestlé vinha operando, sem licença estadual. E finalmente obteve essa licença no início de 2004.
Um dos brasileiros atuantes no movimento de defesa das águas de São Lourenço, Franklin Frederick, após anos de tentativas frustradas junto ao governo e à imprensa para combater o problema, conseguiu apoio, na Suíça, para interpelar a empresa criminosa. A Igreja Reformista, a Igreja Católica, Grupos Socialistas e a ONG verde ATTAC uniram esforços contra a Nestlé, que já havia tentado a mesma prática na Suíça.
Em janeiro deste ano, graças ao apoio desses grupos, Franklin conseguiu interpelar pessoalmente, e em público, o presidente mundial do Grupo Nestlé. Este, irritado, respondeu que mandaria fechar imediatamente a fábrica da Nestlé em São Lourenço. No dia seguinte, no entanto, o governo de Minas (PSDB) baixou portaria regulamentando a atividade da Nestlé. Ao invés de aplicar multas, deu-lhe uma autorização, mesmo ferindo a legislação federal. Sem aproveitar o apoio internacional para o caso, apoiou uma corporação privada de histórico duvidoso.
O terreno do Parque das Águas de São Lourenço está afundando devido ao comprometimento dos lençóis subterrâneos.
Se a grande imprensa brasileira, misteriosa e sistematicamente, vem ignorando o caso, o mesmo não ocorre na Europa, onde o assunto foi publicado em jornais de vários países, além de duas matérias de meia hora na televisão. Em uma dessas matérias, o vereador Cássio Mendes, do PT de São Lourenço, envolvido na batalha contra a criminosa Nestlé, reclama que sofreu pressões do governo federal (PT), para calar a boca. Teria sido avisado de que o pessoal da Nestlé apóia o Programa Fome Zero e não está gostando do barulho em São Lourenço.
Diga-se também que a relação espúria da Nestlé com o Fome Zero é outro caso sinistro. A empresa, como estratégia de marketing, incentiva os consumidores a comprar seus produtos, alegando que reverte lucros para o Fome Zero. E qual é a real participação da Nestlé no programa? A contratação de agentes e, parece, também fornecendo o treinamento.
Sim, é a mesma famosa Nestlé, que tem sido há décadas alvo internacional de denúncias de propaganda mentirosa, enganando mães pobres e educadores, para substituir leite materno por produtos Nestlé, em um dos maiores crimes contra a humanidade.
A vendedora de leites e papinhas “substitutos” estaria envolvida com o treinamento dos agentes brasileiros do Fome Zero, recolhendo informações e gerando lucros e publicidade nas duas pontas do programa: compradores desejosos de colaborar e famintos carentes de comida e informação. Mais preocupante: o governo federal anuncia que irá alterar a legislação, permitindo a desmineralização “parcial” das águas. O que é isso? Como será regulamentado?
Se a Nestlé vinha bombeando água além do permitido e a fiscalização nada fez, como irão fiscalizar agora a tal desmineralização “parcial”? Além do que, “parcial” ou “integral”, a desmineralização é combatida por cientistas e pesquisadores de todo o mundo. E por que alterar a legislação em um item que apenas interessa à Nestlé? O que nós, cidadãos, ganhamos com isso?
É simples. Sabemos que outras empresas, como a Coca-Cola, estão no mesmo caminho da Nestlé, adquirindo terrenos em importantes áreas de fontes de água. É para essas empresas que o governo governa? Uma vergonha!
Carla Klein, Correio da Cidadania